Me pediu um email de Natal. Mas o que eu poderia colocar num
email de natal para ele. Poderia escrever mais uma mensagem-clichê falando de
dias prósperos e outras coisas da mesma natureza. Mas ele é... ele é... não
ficaria legal tratá-lo como os outros. É isso.
Ele é tão intenso, imenso, me afoga em suas águas, em todos
os sentidos. Não cabe, sabe? Não define-se. Mas é próximo, presente. Louco
isso. Sinto-o sempre perto. Sei que não posso tocá-lo, mas sinto próximo. Sei
que vem a mim todas as noites. Basta fechar os olhos que o seu cheiro enche o
meu ser. Materialíza-se em meus pulmões. É incrível. E, como nunca antes, eu me
sinto maravilhosamente bem.
Dentro dos seus
braços é o único lugar no qual não sinto aquela velha vontade de morrer. De
resolver tudo, letalmente. De terminar de uma vez. De desistir dos sonhos que
eram só meus. Desenhados no escuro, na parede gelada próxima a minha cama. Eu,
que tantas vezes quis sumir, desaparecer dos olhos de todos...
O abraço dele agora é
meu abrigo. Meu menino, meu querido.
O que eu poderia dizer a ele nestas noites de espera?
Questão difícil. As vezes fico mudo, sem assunto. Ele me aborda sempre: “e aí?”
E aí? E aí que eu te quero, mais do que nunca. Teu abraço/fortaleza. Teu
sorriso, grandioso. Teus olhos, convidativos e indecifráveis. Teu cheiro,
inebriante. Teus passos. Tu, todo.
Meu coração. Ah! O meu coração. Condenado nos últimos tempos
a ser apenas peso para papel. Tantas cicatrizes, ornatos horrendos. Tantas
vezes eu quis arrancá-lo e oferecer em sacríficio a Chronos.
Implorando limitar
os grãos que ainda caem da minha ampulheta aos dias em que eu passei perto dele.
Tantas vezes questionei-me, também, se o deus o aceitaria em troca de tão grandioso
favor. Tempo perto dele, é o meu maior desejo.
Desejos, pedidos. Já pedi tanta coisa a ele: Cantar para mim
todas as noites, me abraçar forte durante a madrugada, me levar para ver o pôr
do sol. E ele já me atendeu. Atendeu sim, acredito em suas palavras. Há algo
diferente, que percorre, como cavaleiro, os caminhos da voz dele, que me
permitem ver o não feito. É como se já tivesse acontecido, pela simples
confirmação da voz. O não acontecido, já feito, sabe?
Muito louco isso. Mas quem disse que ser normal é lá uma
virtude? Virtude... tanta hipocrisia mascarada. Eu quero você, só isso. Talvez
mostrar minhas fragilidades tenham tido algum fundo virtuoso. Mostrar minha
coleção de defeitos, imersos num pequeno lago de lágrimas.
(Pausa)
Eu que, com minha insegurança, quis tantas vezes embebedá-lo
com alguma variante de “beladona”, e colocá-lo em um vidrinho e trazer para mim.
Andei me convencendo que não preciso de nada do tipo: ele sempre está perto,
próximo, abraçável. Meu menino.
Nada me faria mais feliz agora que te olhar nos olhos,
contemplar a leveza do teu sorriso se abrindo, me sentir envolto em teus macios
tentáculos. Um abraço, materializações de uma história. Quero então uma grande
história. Escrita com largos sorrisos. Papéis de epiderme brilhantes. Letras
com formatos de lábios. Escritos tão desejáveis, capazes de prender e deliciar eternamente
os possíveis leitores apenas em uma única página. Apenas. Quero uma grande
história. Capaz de fazer até mesmo o tempo se curvar em reverência. É isso.
Isso que quero.
Ele é lindo. Me sinto tão bem ao teu lado. Pode ser simples
a idéia, mas é isso. Lindo, ele.
Só mais uma coisa: “Please, don’t leave me”.(Never!)
Eu te amo, meu
menino.
(Augustu, 26.12.2012_22:57hs)
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