quinta-feira, 5 de maio de 2011

Palavras corrosivas


Nem caberia mais se pensar nesta perspectiva. Nesta dialética desnecessária e inexistente. Mas existem resíduos, sabe? Existem restos de dias que penetraram nas paredes da alma de forma quase impossível de se retirar, de se subtrair. Se puxado, como convencionalmente se espera, deixa o buraco. Ferindo a atmosfera interior, enchendo de outros, passados pela abertura, apodrecendo os ares de dentro. Ares próprios, ares específicos, ares Atlânticos, por assim dizer/tratar.
Estes resquícios não tem a menor serventia. Manter? Continuar o descontinuo, só eu mesmo. Mas fica aí: desnecessariamente desnecessário. Lançando idéias. Corroendo verbalmente os interiores, ruindo os lagos (só os salgados!) até a casca epidérmica se afinar de uma vez e a luz do sol adquirir competência suficiente para romper e entrar. Escurecendo o fora, e clareando os dentro(s). Numa matização de dias e noites regados pela mesma colher de sal, cultivados em cativeiro, dentro das pálpebras. Tornando o dentro e fora um só. Abstraindo as circunscrições de antes, as fronteiras, os cheiros e novamente os cheiros. Principalmente os que não se sente mais.
Liberando. É, liberando... num único e querido furto de mim. Uma vez fronteira rompida, se desconhece as substâncias de mim. Viro sim, viro luz de sol!

(Augustu, 05.05.2011_23:30 hs) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário