segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Intróitos



13 de outubro. 1:05 da madrugada.
Já era tarde. Quase tão tarde a ponto de eu não acreditar que pudesse chegar mais ninguém. Fechado. Eu já estava quase convencido de que não valeria mais a pena me expor tanto. Não valeria a pena provocar mais choro, nem o fingimento dele. Enfim, não existia mais coração. Nem mesmo uma pedra com este formato.
Tudo aconteceu. Talvez a séculos já estivesse premeditado, pelas profecias de algum místico. Foi incrível, é incrível. Ver ele chegando como um rio. Tomando tudo. Arrancando as pedras, as árvores centenárias. Drenando toda uma vida de pântanos, e se estabelecendo.   
Por um lado, algumas barreiras tentaram se desenhar. Algumas do tipo:

 “Eu durmo demais, sou viciado em café. Sou birrento, pareço criança para tomar banho, não quero ir, mas quando vou, custo a sair do chuveiro. Hum, gosto de ler, mas tenho preguiça de digitar, acentuar, e tal...”

Mas você acha realmente que numa altura dessas, depois de ver o meu coração ser pisoteado repetidamente, eu iria me importar?
Dorme demais? Seria um imenso prazer, para mim, ter a honra de te ver dormir.
Viciado em café? Meu único lamento é não saber fazê-lo. O que não me impede de dedicar meus dias inteiramente a aprender. Principalmente se for a teu lado.
Birrento, como criança para tomar banho? Seria também um imenso prazer te oferecer meu colo e afagos. (E quanto ao não querer sair do chuveiro/colo, nada me seria mais extasiante!)
Gosta de ler? (RS) Nem comento! Eu me faria um imenso livro. Talvez a temática fosse irrelevante, mas seria um.
Ainda, para coroar, existiu a deixa:

“Mas se quiser me dar a mão, eu posso tentar reverter isso.”

Preciso teorizar mais? Ah, estes seriam os trabalhos de 60 anos? Eu, já seu, aceito. Com a maior satisfação, e prazer, que possa existir. 


(Augustu, 12.11.2012_17:03hs) 

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