sexta-feira, 25 de março de 2011

O egoísta, as não-chaves e os não-Abraços! Agora? O não-egoísta, a não-chave e o abraço!

(Talvez desnecessário, mas gosto do texto! Tudo se transforma, 
se recria...mas é interessante como muito já se sabia, se sentia!)


Meu mundo havia entrado em guerra. Não era uma guerra convencional. Conflitos internos eram uma constante. O conflito agora era externo! Não tinha lá muita experiência com guerras externas. Pelo menos os internos eram mais fáceis de resolver, afinal o general sempre era eu!!
As leis de meu mundo costumavam definir o lado ganhador, O vencedor. Ora um, ora outro, dependia muito do meu humor. Os Augustus se dividem numa imensa ramificação de indivíduos, alguns diferentes, mas todos com as mesmas cores internas. O fato é que a guerra havia sido declarada. Abre parênteses: o novo em meu mundo sempre figurou como uma guerra. Regras de Augustus (não há o que questionar por que não há o que entender, regras são regras!) Fecha parênteses.
A guerra começou, todos os exércitos no front. Perdas consideráveis, experiências adquiridas. Em minha cabeça: perdas dos dois lados, disto eu já compreendia. As vezes esquecia que existia apenas um lado só, o meu lado da guerra. Mas sempre existem subdivisões mentais, mesmo que agente não queira. Ao menos a guerra sempre era minha! Vidas e balas foram perdidas, sem necessariamente estarem em um mesmo patamar na escala vertical de valores. (coisas de Augustus! ja falei!)
Nova batalha se declara. Preparando-me para repetir o mesmo maçante e massacrante processo acabo sabendo que poderia existir uma chave. Uma chave diferente. Uma chave que deveria ser construída. Construída? Bem para mim? A chave era extremamente difícil para mim, ela se chamava abraço. Não abraço, mas UM abraço. Um simples abraço poderia sanar a guerra. A minha guerra. A minha guerra intermundial projetada por um mundo só!
Dificuldades a parte resolvi aderir à chave para evitar maiores complicações. Pensei na chave, no meu abraço! Primeiro erro: (pelo menos por agora deve figurar como erro!) a chave/abraço foi pensada, construída no outro mundo. Ao outro mundo pertencia o meu abraço.
A mesma chave que abre é a chave que tranca, nunca tio Cérbero esteve tão certo em suas palavras. E nunca elas tiveram uma aplicabilidade tão clara. Por que esta chave deveria ser tão complicada? (para mim!) Tão difícil. Acabei gostando. Que contradição. Abraço projetado, caso pensado, era hora de “materializá-lo”. O ofício foi mandado inicialmente. Respeitemos a burocracia. No ofício apenas um período: "Exijo o meu abraço!"
O ofício era extremamente egoísta. eu sabia! EU! Mas mesmo assim foi enviado. Eu sabia que o general do outro mundo já tinha o meu abraço, e agora eu sabia que ele já tinha tomado ciência que eu queria de volta (rsrsrsr...que confusão....proposital, diga-se de passagem!) Será que ele fez desdém de minha necessidade tão simples?? Apenas "Exigia o meu abraço!"
Fui buscá-lo. Passei pela guarda do outro mundo. Nunca foi tão fácil estas transitações. Confesso que as defesas do outro mundo eram bem melhores do que as minhas. Mas não cabe aqui as descrições da geografia militar de minha cabeça! Adentrei o outro terreno. Só um pensamento: "EU quero o meu abraço!"
Acabaram por acontecer alguns imprevistos e eu não consegui pegar o que eu queria: "O MEU abraço!"
A guerra acabou terminando, não tive mais tempo para dar continuidade a ela. Nem me lembro mais qual o motivo. Também não mencionei no início e agora não vale mais a pena. Realmente, a guerra havia acabado! Como diria Isabela: porrawm! (rsrsrsrs) Queria o meu abraço! Só isto.
Os mundos acabaram por se aproximar neste bolo todo. (Eu sei que o termo bolo quebra a linha de algumas palavras, mas eu quero bolo e pronto!) Um laço havia se formado entre os dois mundos circunscrevendo-se num mesmo eixo: busca e oferta de abraço! Do meu abraço, diga-se de passagem.
Como era uma construção, criei também o histórico do meu abraço. Ele sempre existiu. O Remetente que não sabia a quem entregar. E felizmente não entregou ao não-destinatário. Seria complicado para mim! Bem complicado! O fato é que ele estava lá, sempre existiu e sempre foi meu. Do jeito que eu queria... Com os valores de meu interlocutor, é claro! Aí seria egoísmo demais, mas não deixava de ser o meu abraço.
Com o tempo criou-se uma imensa necessidade de relacionamento de minha parte com o outro mundo de minha parte. Ainda queria o meu abraço, mas não tinha todo aquele dilema para ir lá buscá-lo. Normalizou-se/naturalizou-se a situação. Abre parênteses, Ao leitor: não sou chato, só quero o que é meu, no mais: vai construir um abraço para vc também correr atrás! Fecha parênteses. Descobri uma coisa, e era grave. Esperei que o dono/sargento do outro mundo não tivesse malícia suficiente para pensar que uma vez abraço dado, pertences devolvidos o vinculo terminaria. Pensei durante séculos em abandonar o meu abraço para que a conexão continuasse. Essa era a lógica em minha limitada cabeça.
Mas a idéia havia se tornado bem forte. Mais que a própria guerra! Mais que eu! Eu sentia que o outro general não dava tanta importância, tanto que ele se prontificou em devolver... Eu gostei! Não podia deixar lá o meu abraço. A ex-chave/abraço: como a guerra havia acabado não faz mais sentido chamá-lo de chave. Chave de que mesmo? Respeitemos os meus pertences.
Um belo dia (que ridículo!), do jeito que bem gosto: chuvoso e escuro, decidi ir buscá-lo, independente do que poderia acontecer. Ganhei mais coragem sabe, mais confiança. Aprendi também a ser inconseqüente. Num sentido maravilhosamente bom. A sensação era muito boa. Um grande ganho para mim!
Fui lá e peguei o meu abraço. Foi perfeitamente como o planejado/pensado. Um abraço de outono! Só isso que posso dizer. Posso expor a história afinal sou um historiador... mas a descrição verídica do fato não forneço...digo só a versão...a versão que me é conveniente. Também só desta vez! Viu! Viu mesmo, né? Muito bem, recapitulando.... (Tava demorando de colocar estas reticências... ô vício disgraçado de msn!)
Já fugi da lógica da primeira escrita do texto. Da lógica manuscrita durante a palestra na Uneb! Tudo adulterado! (rsrsrsrs) Continuando...
Saí do outro mundo extremamente sorridente. Os guardas da porta me olhavam estranho. Mas eu não os vi. Eram construções. Não cabe mais ficar dando importância a construções. Ainda mais de Augustus. Isto faz parte do sistema mental, da constituição psíquica dos mundos da primeira pessoa do singular. Para a minha imensa decepção (momentanea, é bom pontuar!) O meu abraço não havia vindo comigo. Procurei, procurei e não achei. Mandei uns três guardas olharem no lugar das fronteiras mais foi em vão. Havia perdido.
Mais tarde me dei conta de minha imensa burrice, e o erro era grave: Eu o havia construído num mundo que não era o meu. A construção era minha mas a materialização não era. Durante toda uma tarde eu pensei no meu erro. Pensei mesmo, e fui mais egoísta ainda. (Se é que poderia!) Resolvi então fazer uma outra tentativa. Fui lá e fiz tudo do mesmo jeito. Tudo certo, mas o abraço não vinha, ficava sempre lá, no outro mundo.
Passei um tempo pensando em esquecê-lo. Mas a coisa já era grande demais. Grande demais mesmo! Cheguei a uma conclusão, inicialmente, meio egoísta. (De novo? Cara chato do %$#@*&) Passei a ir, religiosamente, no outro mundo. Ia sempre "abraçar o meu abraço!" Todos os dias, durante alguns séculos. Alguns muitos séculos. Hoje percebo uma coisa. O portal de separação que eu havia criado se dissolveu. Os mundos tornaram-se próximos. Não um, mas próximos. E um dia, para a minha grande felicidade. (Por esta eu não esperava!) Num dos lados de meus domínios um novo general construiu um abraço, também! Um general de outra rua, de outra dimensão. Um outro abraço na história (bolo não caberia mais!) Este era dele, mas acabava sendo meu também!
21:37 hs. Felipe Augusto Barreto Rangel. Palestra: Diálogos entre História e Literatura. Uneb. 20 de maio de 2010.       

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