sexta-feira, 25 de março de 2011

Tabuleiro monocromático


Por conta do próprio contexto de formação me acostumei de tal forma a destrinchar as pessoas que as vezes me causa medo. A interpretá-las sutilmente sem precisar em momento algum do silenciador. Penetrar nas mentes e em segundos navegar por todos os seus séculos de desejos, anseios, medos e vivências. Assustava-me ao atravessar as vidas alheias. Um pouco minhas também! Tudo sempre foi um xadrez de duas peças. Um rei e um peão! Ou melhor, um peão e uma rainha... Os movimentos sempre foram ilimitados para mim nesta brincadeira. Quando cansava, batia a mão no tabuleiro e jogava todas as vidas pelos ares. ( Sem risos!)  
Agora as coisas se invertem. E me deixam sentado, desesperado, nos paralelepípedos da entrada dos portais de seu mundo. Chego até a porta-íris e não consigo atravessá-la. Me bato e sou lançado de volta. Não atravesso, não penetro, não atravesso! Duas rainhas! Tem uma barreira que não me permite tocar tão facilmente os seus sonhos e, também, pesadelos como com as outras pessoas.
Você abre um largo sorriso com isso tudo. Sem nenhum receio de que eu ande para longe.
Só não desisto. Não, isso não. Deixa ver o que acontece! Não vou embora totalmente por que no momento do choque eu acabei por identificar alguns aspectos favoráveis. O rio que umedece seus portais não são salgados, são doces! Basta para mim. No mais, fico aqui sentado. Esperando. Te esperando no desvio doce-salgado.   

(Augustu, 24.03.2011_21:00 hs)

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